segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BUSCA

Encontro-me em meio de uma busca

Sem meio ou início,

Sem razões óbvias,

Sem motivos racionalmente explicáveis.


Já vislumbrei as cores e os traços,

Personagens de quadrinhos,

Quadros, clássicos pintados em camisas.

Mas preciso de mais,

Muito mais...


Necessito daquilo que foi bailarinas para Degas,

E paisagens de Arles para Van Gogh...

Os cabarés de Lautrec...


Preciso – logo – encontrar-me neste mundo.


O que busco retratar?

No que me tornarei especialista?

Qual será minha principal característica?


Talvez a própria busca já me baste.

Quem sabe sou um eterno peregrino,

Sempre a andar,

Em busca de algo que não conheço,

De algo que

De fato,

Nunca almejo encontrar.


(Jorge Elô)

Inconstante

Nem sempre acordo
Aquilo que fui dormir.
Às vezes sorrindo,
Às vezes fingindo sorrir.
Sigo em frente,
Ansioso com tantos planos,
Completo por sonhos e desejos,
Mas vazio pelos desenganos.
E assim, todos os dias
Permaneço perguntando:
Quando vou poder olhar no espelho
E saber quem estou olhando?
Tudo que desejo ao amanhecer,
Bem antes de o sol nascer,
É não continuar me metamoforseando.
(Jorge Elô)