quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sinuosa



A noite se aproxima e
As estrelas começam a cair

antes que desejos sejam feitos.

Ela caminha e devora
Tudo ao seu alcance.
Toca o domo do céu e interroga:
“Por que isso tudo?
Será acaso? Será destino?”
Aguarda!
O eco da caverna
Não responderá ao indizível.

Ao seu lado há
Moedas de ouro,
Tesouros escondidos.
O afeto com toda e qualquer vida
Que vive
E a compaixão com toda e qualquer vida
Que morre
Confunde-a.


Decide jogar areia nos tesouros e
Deixá-los ainda mais ocultos e
Invisíveis.

II

Sem que ela perceba
Aproximo-me e deixo um bilhete:

“Moça que a tudo observa
E que a tudo devora.
Quero apanhar suas lágrimas
Quando sofrer como Siddhartha,
Pela distância da aurora.

Deixa-me brilhar
Enquanto o dia escurece.
Aquecer-te enquanto o dia esfria e
Esfriar-te enquanto o dia aquece.”

Vejo a última estrela que rasga o céu
E lanço um único desejo:
Que você devore minh'alma
E expanda meus ensejos. 

(Jorge Elô)