quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Poeminha Romântico

Perfure-me os olhos
com pequeninas agulhas e
Arranque-me a língua
com alicate.

Libere-me dois mil volts
nos testículos e
vomite-me nos ouvidos
sacanagens.

Foda-me mas
deixe-me lhe foder
primeiro.

Entrega-te ao cativeiro
do áspero,
mas verdadeiro,
amor romântico.

(Jorge Elô)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Hilário

Seu amor nunca existiu:
É mitologia sem deuses
Inferno sem demônios.

É egoísmo puro
que brilha em seus heterônimos.

Seu amor é bruxaria
que encanta aos desavisados.
É também alquimia
que transforma ouro em ferro
enferrujado.

Seu amor é uma farsa,
desejo indesejado.
Feliz do homem que se
liberta do sonho
de que um dia por ti foi amado.

Se hoje sinto compaixão,
não é por ti, Hécate.
E sim pelo novo homem
que agora é condenado
a viver ludibriado
Pelo seu amor, bruxa;
Tão Noturno,
Tão Pérfido.
Tão Hilário.

(Jorge Elô)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Oração da madrugada

Só tenho que agradecer
Pelo corte no nariz
A dor de cabeça e
A fadiga no corpo.

Pela dor de garganta,
Escarros e meu mau hálito de
Cigarro.

Pelas dificuldades do mundo
E a força dos meus dois guardiões:
Azazel e Calibã.

Pela minha mulher, filho,
Mãe, pai e irmãos.

Por acordar, respirar,
Pela chance de estar vivo.
Chorando, sofrendo ou
Sorrindo.

Pela vontade de viver,
Pela consciência do que é a
Vida.
Pelo sangue que me corre na veia
E por tudo que terei que vencer
Em cada amanhecer.


(Jorge Elô)


terça-feira, 8 de março de 2011

Fomfa

Sei que ficou temerosa
De voltar ao nosso castelo
de garrafas e pontas de cigarros.
De tornar a sonhar com a estética
das formas estranhas do mundo,
passando madrugadas
exalando fumaça.

Agora junto as garrafas
aos montes e
todas as pontas que restam.
Estou tornando sólida
a base do nosso castelo,
enfeitando-o,
armando-o,
tornando-o nosso lar.

Pois, muito embora eu ame a noite,
e sempre tenha desejado uma
infinidade de mulheres,
prometo a você que estarei só,
sem tocar minha boca em
outra que não seja a sua.

Estarei lhe aguardando.
Ascendendo um cigarro no outro,
bebendo litros de cachaça,
e sonhando com as manhãs
onde poderei acordar e
respirar o perfume do suor
que sai da sua nuca.

(Jorge Elô)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Trago a alegria das putas
e as cores do arco-íris,
trago um jardim,
nele um pedaço de mim.
Levo mil coisas e nenhuma,
pedaços, retalhos,
fragmentos do ego
Tenho em mim os olhos de Capitu
de Sinhá Vitória os conflitos de Joana,
a compaixão de Madalena.
Trago no meu Romance a poesia
de Florbela a beleza da moreninha
Trouxe em Machado as cores de Ramos.
Em Macedo vou Clariceando o escuro do meu caminho.

(José Maria)