sábado, 27 de novembro de 2010

Ermo

Estou denso, inchado,
Carregando toneladas
Por onde passo.

Enfastiado e
Sujo,
Escorrendo pelo ralo.

Sozinho,
Nulo,
Perdendo fluidos pelo falo.

(Jorge Elô)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Auto - Retrato

Calmo e claro como branco e límpido

insipiente e resignado ao invés de azul e sereno

cortante e certeiro como os cruéis e fortes

alegre e as vezes contrito como os justos

infiel e pecaminoso como os normais

manchado de sangue e suor

feliz por razões infinitas

fragmentado por opção de intelecto

temente a seres visíveis, curioso pelos invisíveis

amante das expressões cotidianas

apaixonado por dribles desconcertantes

rubro negro por natureza da alma

amante das letras e palavras

amante da vida do ponto e do traço

esse sou eu esse é meu auto-retrato.


(José Maria)

Sigo como encantado,

como teu namorado, minha pequena

teus olhos acendem o brilho da minha pele

revivem as flores do meu caminho

pelo acaso da sorte lançada

do encontro das almas

teu sorriso enche meus rios

toma meu dia por assalto

tua voz igual 5ª de Betovem

embala meus ouvidos por vezes endurecidos

pelo rock pesado

o som de teu nome, amor

paixão, querer bem, te querer...

sigo como encantado

como teu namorado

como apaixonado

te sigo como em uma procissão

devotado pelo teus lábios

te sigo como enamorado

te sigo em rimas e em versos

te sigo em poesias

e apaixonado

sigo como encantado.


(José Maria)

Quem é essa moça que levou o meu samba
e todas as letras, me chama de preto e é minha preta
quem é essa moça do sorriso engraçado dos olhos castanhos
me chama de bem, me paga cervejas e alguma coisa
me conta a sua vida faz todo o enredo
quem é essa moça que passa e me pega
nem bem me conhece já quer namorar
nem sei quem sou eu, imagine essa moça
já chamo de minha pequena,
já nem me contenho e falo em casar
quem é essa moça que entrou na minha vida
como um samba enredo enchendo a avenida
a saudosa mangueira a desfilar
quem é essa moça que enche o meu dia,
faz gato e sapato
me leva pra lá e pra cá
quem é essa moça que igual ao Flamengo
desperta paixões e me faz delirar.
(José Maria)

sábado, 1 de maio de 2010

ESQUECÊ-LA

Tentando lhe esquecer
Esqueci de me cuidar.
Deixei de me alimentar
Relutei tentar sorrir.
Adoeci em poucos dias,
Multipliquei minhas fobias,
Mas permaneci pensando em ti.

Tentando lhe esquecer
Fui vivendo como louco.
Bebi compulsivamente,
Fui padecendo aos poucos.
Aventurei almas e corpos,
Na lama, junto aos porcos,
Pensando em ti o tempo todo.

Tentando lhe esquecer
Fiz da Arte, purgatório.
Um caminho ao sanatório
Um lugar para se esconder.
Pintei telas magníficas,
Retratei modelos belíssimas,
Mas segui pensando em você.

E, se hoje lhe escrevo este poema,
É apenas porque desejo perguntar
Quem é este ser maravilhoso
Que por quase toda a minha vida
Esforcei-me em não lembrar?
Se recordar de si mesma, me ajude,
Se não,
Deixe-me lhe ajudar.

(Jorge Elô)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Para Jorge Elô

Dos pólos mais belos

dos traços pintados, repuxados, borrados

insistentemente retocados

nasceu o teu nanquim, clássico.

Dos verbos mais absurdos, encorajados pelos venenos

mais loucos, cheios de insatisfações absolutas

nasceu tua poesia, perfeita.

Dos pólos mais belos

do rabisco a letra

do mundo e do fundo

do fim e do começo

de você e dos outros.

Dos pólos mais belos

eis a criação, Jorge Elô.

(José Maria)

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Verbos e versos
apenas palavras
ditados, ditos
letras e um bom português
não decifram tua alma
saudades, lembranças
recriações de tua fala
reviver a suavidade complexa de teu nome
Thapharew!
Reinventar os dias
revivermos as tuas lembranças
perceber que o verde reflexo de teus olhos
enche o céu, és incondicionalmente amado
eupátrida de nossos úteros
incondicional é gritar o quão lindo é,
entre outros tantos, o teu nome
saudosa e suavemente
THAPHAREW.

[José Maria]