segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Até quando os dias estão mais quentes sinto o frio percorrer meus ossos.

Respiro e sei que de dentro de mim
Bilhões de bactérias atingem o ar.
Minhas mãos percorrem meus bolsos
Vazios
Em busca de esperança.
Não é dinheiro o que procuram.
Dinheiro é divertido
Mas não me faz me sentir melhor.

Uma rotina. É disso que preciso.
Uma rotina no espaço vazio
Do cosmos que somos cada um de nós.
Universos inteiros, habitados e morrendo...

Sinto-me um idiota por pensar tanto.
Não me leva a nada
Apenas cada vez mais para o fundo.
Minha cabeça pesa com um número
Extraordinário e infinito de reflexões
Que no fim das contas
É um amontoado de nada.

Ninguém precisa saber disso.
Ninguém se importaria ao menos.
Não quero que minhas palavras sejam
Depressivas.
Ao contrário,
Quero que de minhas axilas
Brotem violetas amarelas, roxas, vermelhas,
De todas as cores,
Menos violeta.

Falarei contigo a uma distância considerável.
Não quero que engula minhas bactérias.
Quero que elas sejam somente minhas.
E esta mão na frente da boca
É também para evitar que meu dente podre
Salte e caia em seu decote.
É para evitar que o caos
Assuma o controle, meu amor.
(Jorge Elô)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Minha Paixão
é assim
Versificada
Uma rima
atráz da outra
Um verso
Um reverso
As letras
se encaixando
Todas
no seu lugar
Cada palavra
no seu sentido
Cada sentido
no seu lugar
Paixão versificada
assim
Não tem como
complicar.

(José Maria)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

ALADO

Sinto como se
ao seu lado
eu possuísse asas de
dragão alado

Asas de anjo vomitado
do céu
por ter-se apaixonado.

Asas resistentes ao sol
feitas de titânio.

Asas que não carrego só
nem sinto-me estranho.

(Jorge Elô)

sábado, 11 de agosto de 2007

Loucura

Abandonado pelas palavras,
declaro guerra
triste pela ilusão da vida,
feliz pela morte

Sem rumo
chegarei a algum lugar,
sempre se chega.

Candidato a nada,
eleito por ninguém,
represento absurdamente a mim mesmo

Mudo a forma,
mas jamais mudarei a estrutura,
com ela não se brinca.

(José Maria)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Dez Minutos

Dez minutos para escrever algo.

O tempo é relativamente pequeno.

Porém, tanta coisa acontece em dez minutos.

Sei que pessoas morrem e nascem neste

Período de tempo.


O tempo corre mais veloz

do que consigo pensar no que escrever.

Mais veloz do que

a curta duração que leva

para que o copo saia de cima da mesa

e atinja minha boca.


O mais curioso disto tudo

é que sei que terei algo escrito

ao término deste tempo,

mesmo que sejam

palavras que caminharão

por seus olhos,

de maneira livre

assumindo um significado novo

do qual não expressei ao escrever e

do qual não terei conhecimento.


Sei que um texto será escrito

e viverá independentemente

de mim.


Nestas linhas cuspidas daqui de dentro

Estarão os dez minutos de minha vida que

Não voltarão nunca mais.

Nunca mais serão minutos que

Dediquei desta

Para escrever algo.

(Jorge Elô)

domingo, 5 de agosto de 2007

Infidelidade



Rasgo diante de ti meu coração
Entrego-lhe rosas, pálidas e sem vida
Dou lhe o pequeno amor que não é teu
Pois o amor é de quem ama

Rasgo diante de ti meus sonhos
Encantos, desencantos, minhas tardes
Se eis imperfeição que seja amada
Se eis amor que seja imperfeito

Que trais lembranças ruins
A vida amarga
Tudo que não é teu

O eterno
A dor da criatura
E o amor do criador

(José Maria)