quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O mundo é mágico

O mundo é mágico
Porém, não enxergamos.

No dia a dia
Arranhamos as solas dos sapatos
Nas ruas de concreto.
Apertamos nossos olhos
Para enxergar "correto".

Nossas almas, ouvidos e
Sentidos
Estão blindados.

O mundo é mágico
Porém, não enxergamos.

A cortina do céu azul
Esconde um oceano
De planetas, rochas, meteoros
Gelo, sóis.

Galáxias girando entre si
Chocando-se,
Tornando-se novas e imensas
Galáxias
Com novos e imensos buraco negros.

O mundo é mágico
Porém, não enxergamos.

Sua capacidade de renovação,
destruição e reconstrução.
O enigma que carrega
Nas flores que se abrem à luz.

O mundo é mágico
Porém, não enxergamos.

A
Inteligência não é máquinas,
Templos,  religiosidade ou ciência.
Inteligência são estrelas enormes
Aquecendo vermes unicelulares.

É o início  e o fim.
A infinitude da vida
E a insignificância da existência.

O mundo é mágico
Porém, não enxergamos.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Poemas

Talvez melhor seja
Que nada aconteça.
Que a poeira acumule
No canto dos olhos.
Que o vento embaralhe
Os destinos caóticos.
Que a pele despele,
Retorne a ser pele.
Que a alma desalme,
Retorne a ser alma.
Que o passo desande
Que o calçado descalce
Que o ferro enferruje e
Os deuses desusem seus dados.
Que o dito e o não dito
Não se tornem problemas
Palavras-abismos
Fascínios
Poemas.

(Jorge Elô)

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Viver é romper e criar

Quando me entorpeço
Estou expandindo e
Implodindo a consciência.

Quanto mais me distancio
Menos tempo permaneço.
Quanto mais olho pra cima
Mais me separo de baixo.

O aglomerado que agora estou,
De celulas, bactérias e sonhos,
Um dia há de findar.
Desmembrado serei
E continuarei sendo.

Viver não é reproduzir
O que já estava pronto ao nascer.
Viver é romper e criar
Ser e não ser.
Viver é imanência
Que nunca deixa de
Acontecer.

[As palavras vão soando
Como canção
Fluindo em versos
Pelo universo -
Essa magamaquina
De fazer estrelas].

Jorge Elô

Sem sonhos nem quimeras.

Eu te amei.

Não foi uma paixão.
Foi amor, daqueles que te faz ver com clareza
Que te dá a certeza
Para o resto da vida.

Desde que te vi me revelei
Quis me casar
Quis ter uma família
Quis que fosse a mulher da minha vida.

Quantas vezes me feri brutalmente,
Ainda no início,
Ouvindo de você
Que nunca iria casar comigo.
Ouvindo que era preciso
seremos cada vez mais discretos,
Contraditoriamente,
Quanto mais perto os corações batiam.

Essas coisas,
Entre tantas outras
Suas e minhas,
(Desenrolando
Num emaranhado que só fazia crescer), foram
Ferindo
Marcando
corroendo
(Lentamente)
Com a potência de uma bomba atômica.

Esses conflitos
Armados com foices,
Foram invadindo
Os bosques dos meus sonhos.
Desmatando-me,
Mas sem conseguir me fazer deserto.

No fim
Ficou um amor bom
Que quer te ver bem.
Um amor
Que quer te ver feliz.
Um amor
Que quer que a sua vida dê certo.

Um amor enorme,
Porém,
Sem sonhos nem quimeras.

(Jorge Elô)