terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Diálogo

Como um palimpsesto
Fui arranhado com pedras-pomes
Destituído de nome
Dado um novo começo.

Mas hora veio (num soar noturno)
Que o olhar taciturno
Vibrou porque voltei ao mundo:
“- Para na sua nova pele de cordeiro
Saciar por inteiro
Seus desejos mais profundos”.

(Jorge Elô)

Dicéfalo


Sou um ser dicéfalo
Profundo e
Supérfluo.
Sou amor disperso
Ser desconexo.
Lasso em Lassidão.

(Jorge Elô)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Algo


Algo que torne o imensurável
Em estritamente palpável.
Que torne o caos das almas
Em substancia estável.
Que traga aos olhos insones
Alegrias quiméricas,
E que liberte o poeta
Da tirania das métricas.
 (Jorge Elô)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ressaca


Mais um dia em que acordo 
e minhas carnes tremem. 
Sem pudores para lamentar do ocorrido, 
levanto esbaforido 
cambaleando entre sêmen. 

(Aponto a agulha do vinil 
e recoloco minha trilha sonora) 

Deslizo entre pernas 
em direção a última garrafa. 
Ela ainda resguarda 
A derradeira e primeiríssima dose. 

Concedo aos lábios um gole 
e tudo retorna: 
Essência de seres antigos, 
bacanais intermináveis, 
conversas com olhos fixos! 

Mais um dia recomeça 
e o que antes era mazela 
ganha forma em ferro fundido.

(Jorge Elô)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

BURACO NEGRO


Nem o excesso de bebida
Nem os constantes
                                          cigarros

Nem os anseolíticos e calmantes
Nem mesmo outros
                                                      afagos.

Nem a arte, a filosofia, a literatura
ou toda intelectualidade
                                       humana.

Nem as religiões, a ciência, os consolos
 Nem as palavras e abraços de conforto.

Nem todos os seus bilhetes,
Declarações e desenhos na parede do meu quarto.
Nem toda intensidade do nosso
                                           desejo
Nem todos os nossos
                       limites ultrapassados.

                                            Nada
                                                  Nunca
                                                             Jamais
                        Poderá eliminar o buraco negro
           (Que lentamente suga galáxias, sóis e planetas)
                    que você abriu em todos que te amavam.
                           Em mim, sua família, amigos e
                                     principalmente
                                                    em seus dois pedaços.

Eu, que já possuí tendências suicidas
Sofridamente aprendi:

                                                 O suicida morre sempre enganado!

Ele não tira a própria vida
               Mas sim a vida
                                dos seus entes amados.
(Jorge Elô)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Haikai

Minha barba amarelada por sucos vaginais
Lembra-me que devo amarelá-la
Ainda mais!

(Jorge Elô)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Doce

Ela tem um cheiro doce

Que parte de

Suas entranhas.

A atração é tamanha

Que violentamente inalo

Seu aroma de crisântemo,

Girassol e lírio branco,

Em seus olhos e no hálito,

Nas axilas,

No ânus e na Vagina.


Não sei se são feromônios

Ou enxofre daquele pequeno

Demônio,

Sei somente que

Quando experimento,

Amo.

(Jorge Elô)